quinta-feira, 22 de julho de 2010

Bem longe do ideal

Pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que o Brasil melhorou em educação o que, sem dúvida alguma, é muito bom. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) subiu de 4,2 pontos em 2007 para 4,6 em 2009. O resultado supera em 0,4 ponto a meta prevista para o ano passado (4,2).

Apesar do dado ser positivo, o avanço não foi o mesmo para todas as fases do ensino. Nos 5 primeiros anos do ensino fundamental, por exemplo, ocorreu aumento de 9,5% com relação a 2007, último ano em que o Ideb foi calculado. A mudança, porém, foi menor do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, quando o índice passou de 3,8 (2007) para 4 (2009), um crescimento de 5,2% na nota. Quando a análise vai para o ensino médio os números permanecem praticamente estáveis. A pontuação passou de 3,5 para 3,6. A estagnação nessa fase do ensino na verdade acontece desde 2005. Se levarmos em consideração esse período (2005-2009) a nota do Ideb passou de 3,4 para 3,6 - um aumento de 5,8% - índice considerado baixo se comparado ao avanço registrado no fundamental (do 1º ao 5º ano), em que a nota saiu de 3,8 para 4,6, contabilizando um aumento de 21%.

Muito otimista, o ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que os resultados não foram mais significativos porque o Brasil se recupera de uma "recessão educacional", que atingiu seu auge em 2001. A não ser que o ministro esteja falando de outro país, essa "recessão" a qual ele se refere não passou, ela é mais real do que nunca, principalmente na rede pública de ensino, onde em muitos lugares os alunos não têm sequer cadeiras para sentar. Sem falar nas escolas com infraestrutura precária, com salas de aulas quentes e apertadas, onde os alunos não têm acesso a bibliotecas e muito menos laboratórios de informática, que são apenas um sonho distante. Tem ainda centenas de municípios, principalmente na zona rural, onde os alunos estudam em salas improvisadas, andam quilômetros a pé, já que o transporte escolar não existe e, na maioria das vezes, têm professores muito mal remunerados, que trabalham muito mais por amor a profissão do que pelo que recebem.

Diante desse cenário - que é realidade em praticamente todos os municípios brasileiros, em maior ou menor proporção - fica difícil apresentar números melhores e mais difícil ainda atingir índices dos chamados países desenvolvidos. O Ideb, que é medido em uma escala de zero a 10, revela que o Brasil ainda está muito abaixo do esperado quando o assunto é educação, se for considerada uma média igual a 5. A expectativa do governo federal é que até 2021 o país tenha nota 6 no nível de ensino, equivalente a países como os EUA ou a Inglaterra. Temos 11 anos pela frente, mas se o governo não investir pesado nesse setor agora chegaremos a 2021 com os mesmos tímidos números ou, sem querer ser pessimista, mais baixos ainda.

Fonte; Jornal Leia Agora

Por; Katya Lacerda

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