segunda-feira, 8 de março de 2010

"Vamos lutar para que a lei seja colocada em prática"


Com o maior índice de câncer de colo de útero do País, o Amapá continua sendo um dos poucos Estados que ainda está engatinhando nas alternativas de ações contra o HPV, o vírus causador da doença. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCa) apontam que a cada 50 pacientes, dez apresentam o HPV (Human Papilomavirus). Para conter o avanço dessa patologia, prefeitura de Macapá vem desenvolvendo um programa de vigilância que consiste numa campanha de prevenção e ou de diagnóstico preciso e precoce da doença. Por outro lado faltam investimentos para por em prática um item principal nessa luta: a vacina contra o HPV.

Em 2009 o deputado estadual Edinho Duarte (PP) fez aprovar na Assembleia Legislativa uma lei – Nº 1323/2009 – que autoriza o Executivo estadual a disponibilizar em todas as unidades de saúde pública do Amapá, incluindo ai os postos do município, a vacina contra o HPV.

Apesar da aprovação da Lei, pouco se fez no que tange ao Art. 3º da referida lei que assegura o desenvolvimento de uma campanha e programa de regulamentação da disponibilização da vacina, principalmente para mulheres na faixa etária entre 12 a 18 anos.

Segundo o secretário adjunto da Secretaria de Estado da Saúde, Ronaldo Dantas, os recursos da SESA são escassos para investimentos tão altos. A vacina contra o HPV não faz parte do programa de imunização do Ministério da Saúde, por isso o Estado teria que custear todo o programa. Dantas informa que no primeiro ano de implantação do programa de vacinação seriam necessários 15 milhões. “Com o corte que foi feito no orçamento da Sesa para 2010, na ordem de 25 milhões, a implantação desse programa fica comprometido”, diz o secretário, lembrando que a Secretaria vem dando continuidade ao programa de exames preventivos a partir das ações itinerantes da Sesa.

No âmbito municipal, a prefeitura de Macapá vem coordenando um programa de combate ao HPV. Segundo a coordenadora, Waldirene Fonseca, entre as ações do programa de prevenção da doença, está a qualificação dos profissionais da área com o objetivo de saberem diagnosticar com precisão a existência do HPV.

A doença

O câncer de colo do útero está no segundo lugar das doenças cancerígenas, perdendo somente para o de mama. A doença surge no cérvix, parte do útero em forma de cone que liga a parte superior (o útero) e à parte inferior (a vagina). O câncer uterino se desenvolve quando células anormais no revestimento do colo do útero começam a se multiplicar de forma descontrolada em resposta a uma infecção pelo HPV.

As células cervicais anormais podem se reunir para formar um caroço, chamado de tumor. Os tumores benignos (não-cancerosos) geralmente não se propagam e não são prejudiciais. Nos tumores malignos (cancerosos), entretanto, as células anormais crescem desordenadamente provocando o câncer.

Praticamente todos os cânceres cervicais são causados por algum tipo de HPV, um vírus comum que infecta quase metade de todas as pessoas em algum momento de suas vidas. Mais de dois terços dos cânceres de colo de útero são atribuídos ao HPV de alto risco, os subtipos 16 e 18. Certos tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) também podem causar outras doenças genitais, incluindo os cânceres vaginal e vulvar e as verrugas genitais.

A prevenção

A vacina quadrivalente contra HPV, desenvolvida pela Merck Sharp & Dohme, é a única que protege contra quatro sorotipos do papilomavírus humano (6, 11, 16 e 18), responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero e 90% dos casos de verrugas genitais. O produto oferece proteção contra os cânceres de vulva e vagina. A vacina quadrivalente contra HPV é indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos e está disponível em mais de 100 países.

A eficácia do produto quadrivalente contra o HPV foi avaliada em quatro estudos clínicos controlados que acompanharam 20.541 mulheres, em 33 países, com idade entre 16 e 26 anos. Os estudos demonstraram 100% de eficácia na prevenção de cânceres cervicais, vulvares e vaginais relacionados ao HPV 16 e 18 em mulheres que não haviam sido expostas a esses tipos de HPV e 99% de eficácia nos casos verrugas genitais causadas por HPV tipos 6 ou 11.

Fatores de Risco

Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo do útero, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas condições sócio-econômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao tabagismo (diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados), à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais. Estudos recentes mostram ainda que o vírus do papiloma humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas. Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero.

Estratégias de Prevenção

A prevenção primária do câncer do colo do útero pode ser realizada através do uso de preservativos durante a relação sexual. A prática do sexo seguro é uma das formas de evitar o contágio pelo HPV, vírus que tem um papel importante no desenvolvimento de lesões precursoras e do câncer.

A principal estratégia utilizada para detecção precoce da lesão precursora e diagnóstico precoce do câncer (prevenção secundária) no Brasil é através da realização do exame preventivo do câncer do colo do útero (conhecido popularmente como exame de Papanicolaou). O exame pode ser realizado nos postos ou unidades de saúde que tenham profissionais da saúde capacitados para realizá-los.

É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero na população de risco. O INCA tem realizado diversas campanhas educativas, voltadas para a população e para os profissionais da saúde, para incentivar o exame preventivo.

O exame preventivo

O exame preventivo do câncer do colo do útero (exame de Papanicolaou) consiste na coleta de material citológico do colo do útero, sendo coletada uma amostra da parte externa (ectocérvice) e outra da parte interna (endocérvice).

Para a coleta do material, é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação da superfície externa e interna do colo através de uma espátula de madeira e de uma escovinha endocervical.

Mulheres grávidas também podem realizar o exame. Neste caso, são coletadas amostras do fundo-de-saco vaginal posterior e da ectocérvice, mas não da endocérvice, para não estimular contrações uterinas.

A fim de garantir a eficácia dos resultados, a mulher deve evitar relações sexuais, uso de duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores ao exame. Além disto, exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode alterar o resultado.

Quem e quando fazer o exame preventivo

Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade.

Inicialmente, um exame deve ser feito a cada ano e, caso dois exames seguidos (em um intervalo de 1 ano) apresentarem resultado normal, o exame pode passar a ser feito a cada três anos.

Vacinação

Recentemente foi liberada uma vacina para o HPV. No momento está em estudo no Ministério da Saúde o uso pelo SUS. É importante enfatizar que esta vacina não protege contra todos os subtipos do HPV. Sendo assim, o exame preventivo deve continuar a ser feito mesmo em mulheres vacinadas. Saiba mais sobre HPV.

A infecção por HPV

Não é verdade que a pessoa portadora do HPV necessariamente poderá desenvolver a doença. A maioria da população sexualmente ativa (cerca de 75%) entra em contato com o HPV e elimina espontaneamente o vírus do organismo sem mesmo desenvolver qualquer doença. Outros terão uma infecção transitória com duração média de 12 a 18 meses e menos de 1% corre o risco de ter câncer do colo do útero.

Além do HPV , são necessários outros co-fatores para, por exemplo, predisposição genética, fumo, alimentação inadequada e estresse. A infecção pelo HPV não se transforma em câncer do colo do útero de um dia para outro, por isso não existe motivo para desespero e angústia. Quando o HPV causa lesão no colo do útero, esta lesão passa por três etapas antes de se transformar em câncer. Os médicos costumam chamar estas etapas de neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) grau 1, 2 e 3. O tratamento nestas etapas cura completamente a doença e impede a progressão para câncer, além de não interferir na capacidade de ter filhos da mulher.

Quais são os sintomas da infecção pelo HPV ou da NIC (neoplasia intra-epitelial cervical)?


A infecção pelo HPV ou NIC geralmente não apresenta sintomas, algumas pessoas desenvolvem verrugas genitais e outras lesões na vulva, vagina, colo do útero e ânus que se não tratadas podem evoluir para câncer do colo do útero. Estas lesões são diagnosticadas pelo Papanicolaou e através de exames chamados colposcopia, vulvoscopia e anuscopia.

Se as verrugas genitais não forem tratadas, podem evoluir para câncer do colo do útero?


O papilomavírus humano (HPV) pertence a uma ampla família de vírus e mais de 45 tipos diferentes podem infectar a pele dos órgãos genitais. Quase todos os tipos foram muito bem estudados e hoje se sabe que o grupo de HPV que causa lesão pré-cancerígena ou cancerígena (chamado grupo de alto risco oncogênico) não é o mesmo que geralmente causa as verrugas genitais (chamado de grupo de baixo risco oncogênico). Em 90-95% dos casos, as verrugas genitais são causadas por HPV do grupo de baixo risco. Entretanto, não se deve postergar o tratamento das verrugas genitais, não apenas pelo aspecto estético desagradável , mas também pelo risco de crescimento em extensão e tamanho das lesões e alta contagiosidade (transmissão para parceiros).

Fonte; Jornal Leia Agora

POR; Katya Lacerda

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